Réplicas
da Ponte Hercílio Luz
A beleza da Ponte Hercílio Luz foi reproduzida em três
réplicas ao longo da história, duas em ouro e uma em madeira. As histórias
dessas miniaturas são cheias de polêmicas e curiosidades, assim como a história
da própria ponte.
- A primeira, em madeira, tinha 18 metros, e foi feita só
para que o governador Hercílio Luz pudesse fazer a inauguração simbólica, já
que devido à sua saúde comprometida, dificilmente sobreviveria para ver a ponte
verdadeira pronta.
- A segunda réplica é uma jóia em ouro de 33 centímetros,
que em 20 anos só foi exposta duas vezes.
A obra fica trancada em um cofre.
- A terceira miniatura foi feita pelo mesmo ourives, Juan Alves, como forma de protesto,
para que a réplica possa ser exposta para visitação dos catarinenses e
turistas.
Só para o governador
A primeira réplica da Ponte Hercílio Luz foi feita antes
mesmo de sua inauguração.
E foi a única ponte que o idealizador da obra, governador Hercílio Luz, viu antes de sua morte.
Foi construída exclusivamente para que ele realizasse a inauguração simbólica,
já que pelo seu estado de saúde, havia o risco dele não estar vivo para
presenciar a inauguração.
Em madeira, com extensão de 18 metros, ela foi colocada
entre o Miramar e a Praça XV, no Centro da Capital. O governador atravessou apoiado
em uma bengala, já muito doente, naquele que foi seu último ato público, em 8
de outubro de 1924. Após 12 dias, morreu devido ao câncer.
A ponte de 5 mil toneladas de aço, que começou a ser
construída em setembro de 1922, estava com as torres erguidas e iniciava o
processo inovador de montagem do vão pênsil.
No dia 13 de maio de 1926, a chamada “colosso de aço” foi
inaugurada para suportar trens, veículos, pedestres e uma tubulação de água. Já
a miniatura em madeira foi demolida após a inauguração e o único registro
fotográfico que se tem conhecimento está no livro Hercílio Luz
Poucos Viram a Jóia da Coroa
Ela é uma espécie de “jóia da coroa”.
Em 20 anos, só foi
exposta duas vezes, tamanha o seu valor de
uma réplica da Ponte Hercílio Luz em ouro, com acabamento em prata e sobre uma
base de pedra ágata, sobreposta a uma estrutura de madeira cedro. A obra, que
pertence ao governo do Estado, está guardada em um prédio público da Capital,
dentro de um cofre de segurança.
Em 1989, o ourives argentino Juan Alves reproduziu a ponte em 33 centímetros, com 127 gramas de
ouro 18 quilates e 106 gramas de prata 950.
A primeira vez que os catarinenses
tiveram a oportunidade de conhecê-la foi em 1991, quando chegou ao Palácio Cruz
e Sousa, em Florianópolis. Foi apenas um dia de visitação e a réplica foi
guardada.
A partir daí, ninguém mais soube onde estava. Teve gente
duvidando que ela existia ou que havia sumido. O próprio ourives Juan Alves diz que foi até o Palácio,
mas não teve informações.
– A peça foi feita por mim. Por isso, tenho direito de ver.
Mas, mesmo assim, nunca vi a minha obra exposta.
Neste ano, a “jóia” reapareceu em público na comemoração do
centenário da casa de campo do governador Hercílio
Luz, em Rancho Queimado. A réplica, porém, só foi observada por políticos e
familiares. Segundo o presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Joceli de Souza, para o deslocamento da
peça da Capital até o local foram necessárias duas viaturas do Batalhão de
Operação Especiais e segurança especial na casa de campo.
Souza disse que a peça nunca foi avaliada, mas o valor
histórico é incalculável. Por enquanto, a peça deve continuar “escondida”, pois
não há aparato de segurança para permitir a visitação.
– É preciso colocar detector de metal na entrada da sala,
segurança 24 horas e mobiliário blindado.
A proposta dele é reestruturar o Palácio Cruz e Sousa para
colocar a réplica para visitação do público.
A original
A cópia fiel
Foi a vontade de ver a réplica da Ponte Hercílio Luz exposta
ao público que fez o ourives Juan Alves,
57 anos, autor da primeira miniatura, criar outra peça idêntica.
Foram mais de
514 horas de trabalho para transformar 127 gramas de ouro 18 quilates em uma
obra de arte. Alves é argentino, mas já vive na Capital há 22 anos.
Ele tem uma
admiração especial pela Ponte Hercílio Luz e ficou decepcionado com o fato da
sua criação ficar longe dos olhos do público e também dos dele.
– A peça é minha e tenho que pedir para ver. Fiz a segunda
réplica só de birra.
A ponte é nossa identidade.
Paris tem a Torre
Eiffel.
O Rio de Janeiro, o
Cristo Redentor.
E Santa Catarina, a
Hercílio Luz.
Em 2009, um aluno de seu curso de jóias, diante da
frustração do professor de não ver sua obra exposta aos catarinenses, ofereceu
a matéria-prima para fazer a réplica.
Ele é o proprietário da Moulin Rouge Joalheria, localizada
em um shopping da Capital.
O custo da matéria-prima – que levou além do ouro,
106 gramas de prata 950, pedra ágata e a madeira nobre – foi de R$ 14 mil,
sendo R$ 7 mil só de ouro.
– Quero vender a peça para alguém que tenha vontade de
colocá-la para visitação. Não precisa de um esquema de segurança, porque se
derreter a peça para vender o ouro, não terá tanto valor. O custo dela é
histórico. É uma obra de arte – defende.
Nota:
- Ele tentou vender a peça para a Câmara dos Vereadores de
Florianópolis e a Assembléia Legislativa, mas por causa da burocracia, não
conseguiu apresentar a obra para a direção dos órgãos.
– Nem que me ofereçam R$ 100 mil, eu não faria outra. É uma
obra cara e trabalhosa. Dizem que a Ponte Hercílio Luz pode cair. Daqui a
pouco, só vai ter a minha réplica para lembrar.
Alves vai realizar seu sonho e expor a peça no aniversário
da Ponte Hercílio Luz, no dia 13 de maio, na joalheria. Além disso, o artista
gostaria de ver a sua inspiração aberta para o trânsito de veículos de passeios
e fluxo de pedestres.
Fonte:
Publicado em Ponte Hercílio Luz por Daniel, biólogo em 08 de
maio de 2011
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